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Afroempreendedorismo: Principais desafios e como fortalecer essas iniciativas

Afroempreendedorismo é um movimento empreendedor feito por pessoas negras, independente do seu nicho de atuação e de quem é o seu cliente ideal. Embora muitas pessoas pensem que o afroempreendedorismo é um formato de negócios feito por negros e para negros, essa visão é equivocada. Isso porque as empresas que se encaixam nesse modelo são plurais e possuem somente dois pontos em comum: seus donos são negros e desejam se tornar empreendedores
Afroempreendedorismo

A desigualdade no Brasil é grande e isso também se reflete muito no empreendedorismo. Diante deste cenário, o afroempreendedorismo emerge como uma grande potência na economia.

A população negra enfrenta múltiplas desigualdades e múltiplos desafios no seu dia a dia, mas é importante lembrar que os empreendedores deste mercado ainda têm muito espaço para crescer.

O empreendedorismo e a geração de emprego e renda por pessoas negras pode ser um importante instrumento na atenuação das injustiças sociais enfrentadas pela população afrodescendente no Brasil. Portanto, compreender o afroempreendedorismo em todas as suas potencialidades e desafios é muito importante se queremos fomentar uma economia mais forte.

Assim, diante da potencialidade do afroempreendedorismo, analisar os recursos disponíveis, os obstáculos e as oportunidades de empreendimento da população negra, é extremamente importante no fomento ao empreendedorismo no Brasil.

Veja sobre o que trataremos neste post:

O que é afroempreendedorismo?

Símbolo de resistência, o afroempreendedorismo é um termo que tem sido bastante discutido e utilizado na sociedade atual.

Caracterizado por ser um movimento empreendedor feito por pessoas negras, inclusive alguns afroempreendedores optam por oferecer os seus produtos e serviços apenas para consumidores negros, mas essa não é uma regra.

Esse formato de empreendimento procura criar uma série de valores que permitam à população negra ter liberdade, maior segurança do ponto de vista financeiro e a ultrapassar as barreiras que lhes foram impostas em um modelo social discriminatório e antigo.

Principais desafios de ser um afroempreendedor

Iniciar o negócio próprio já é por si só um grande desafio para o afrodescendente. Sem acesso à riqueza geracional, uma vez que na maioria dos casos suas famílias não tiveram a oportunidade de construir patrimônio, falta o capital para investir na abertura de suas empresas tendo, portanto, como única alternativa recorrer aos empréstimos e financiamentos bancários.

O racismo ainda é um obstáculo para os afroempreendedores, mesmo que a Lei Áurea tenha sido assinada há mais de 100 anos, o estigma ainda é marcante na vida das pessoas negras.

Com isso, o racismo ainda dificulta a abertura de linhas de crédito para a população negra e parda.

A ausência de capital para investir torna-se um importante limitador do potencial do afroempreendedor no Brasil e, assim, diante de tantos desafios enfrentados pelo empreendedor negro, seus negócios terminam por limitar-se em termos de tamanho e capacidade de geração de riqueza.

O perfil do afroempreendedor no Brasil

Um levantamento encomendado pela PretaHub, aceleradora do empreendedorismo negro no Brasil, em parceria com a Plano CDE e a JP Morgan, entrevistou 1.220 pessoas em todo país, entre julho e setembro de 2019. Foram ouvidos 918 empreendedores negros e 302 brancos, de todas as classes sociais, entre 18 e 70 anos.

Veja a seguir os principais dados da pesquisa:

  • São 14 milhões de afroempreendedores no Brasil.
  • Os afroempreendedores estão divididos em três perfis: necessidade (34%), vocação (35%) e engajamento (22%) e 9% apresentam perfil misto.
  •  Apenas 7% possui ensino superior completo, contra 24% dos brancos e 32% dos empreendedores de outros grupos étnicos.
  • Mais da metade dos afroempreendedores não concluiu o ensino fundamental, com 52% sem este nível de escolaridade. Em contrapartida, entre brancos e outras raças, 33% não finalizaram a educação básica.
  •  Dos negócios geridos por negros, 91% não possuem empregados.
  • Apenas 9% dos afroempreendedores geram empregos, 21% dos empreendedores brancos têm empregados e 24% dos empresários de outros grupos étnicos também criam postos de trabalho.
  • Considerando o total dos empregadores no Brasil 67% são brancos e 31% são negros.
  • O faturamento médio mensal do afroempreendedor é de 1.370 reais. O empreendedor branco consegue mais do que dobrar este número, faturando 2.745 reais mensais em média.

Como fortalecer o afroempreendedorismo?

Em 2018, o país contava com 14 milhões de afroempreendedores, que movimentariam, aproximadamente, R$ 359 bilhões em renda própria por ano, de acordo com o Instituto Locomotiva.

Então, fortalecer o afroempreendedorismo significa consumir os produtos e serviços oferecidos, visto que, muitos empreendedores negros ainda sofrem na pele, literalmente, com o preconceito racial.

Principais oportunidades para o afroempreendedorismo

As áreas em que o empreendedor pode atuar são amplas. Não são classificadas segundo a cor da pele, por isso tanto empreendedores negros quanto brancos podem escolher:

  • Alimentação.
  • Estética.
  • Tecnologia.
  • Comunicação e marketing.
  • Vestuário e calçados.
  • Saúde.
  • Educação.
  • Serviços especializados.
  • Entretenimento.

Essas são apenas algumas opções e você como empreendedor negro ou empreendedora negra, pode atuar de maneira criativa e inovar em qualquer área do empreendedorismo.

Diferença entre Afroempreendedorismo e Empreendedorismo Afro

Já vimos que o afroempreendedorismo é um movimento produzido pelo empreendedor negro, que oferece seus produtos e serviços apenas para consumidores negros ou para qualquer etnia.

Enquanto o empreendedorismo afro é realizado por pessoas de qualquer etnia que, por sua vez, têm as pessoas negras como seu público-alvo. Nesse universo, podemos encontrar artigos de artesanato, vestuário, culinária e entre outros.

Casos de sucesso

Nina Silva

Nina Silva é um grande exemplo de empreendedora negra de sucesso, fundadora do Movimento Black Money, que visa o protagonismo negro no mundo do empreendedorismo, com ações voltadas para o fortalecimento desse segmento.

Nina está na lista das mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes. Além disso, em 2019, foi considerada pela EXAME, uma das dez mulheres mais influentes no empreendedorismo e inovação

Egnalda Cortês

Egnalda Cortês fundou em 2015 a Cortês Assessoria e Agenciamento, motivada pelo seu filho, percebeu a necessidade de uma agência focada em produtores de conteúdo negros.

PH Cortês, filho de Egnalda, produtor de conteúdo na web, foi o estímulo para ela olhar para o mundo da internet e pudesse perceber a necessidade da agência.

A inquietação de Egnalda veio do fato que os Influenciadores negros não têm as mesmas oportunidades que os influenciadores brancos, assim como em outras áreas do empreendedorismo, a luta pela visibilidade e valorização precisa ser constante

José Vicente

Com uma trajetória de muita superação, repleta de dificuldades, o professor e doutor José Vicente não permitiu que a realidade em que vivia limitasse seus sonhos.

Filho de boias-frias, natural do interior de São Paulo, especificamente do Morro Querosene, localizado na cidade de Marília. Desde a infância, trabalhava para ajudar a família.

Quem se tornou José Vicente? Advogado, Mestre em Administração, Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. O currículo dele é extenso, por isso você pode consultar após ler este artigo.

Mas, além dessa extensa lista, ele é fundador, reitor, diretor-geral e acadêmico da Faculdade Zumbi dos Palmares, desde 2004. A instituição nasceu com o objetivo de valorizar a cultura negra, além do desejo de José Vicente em contribuir para a qualificação da população negra.

O fortalecimento do povo negro é um dos principais objetivos do reitor, que por causa de todas as dificuldades que já passou na vida, deseja contribuir para a mudança no paradigma atual.

Como apoiar

Você pode apoiar de diversas formas, escolha as que mais fizerem sentido, pois as opções a seguir são algumas sugestões para começar:

  • Pesquise os afroempreendimentos da sua região e consuma seus produtos ou serviços.
  • Recomende os profissionais negros para outras pessoas.
  • Apoie no que os afroempreendedores precisarem.
  • Engaje-se nas ações antirracistas.
  • Utilize sua influência para ajudar na visibilidade destes empreendedores.

Por fim, contribua para a mudança na sua comunidade.

Projetos que incentivam empreendedores negros no Brasil

Movimento Black Money

Falamos acima sobre a fundadora do Movimento, a Nina Silva, agora falaremos sobre essa iniciativa que contribui para o fortalecimento do povo negro.

Um dos projetos atuais mais relevantes, pois por meio de uma plataforma on-line conecta empreendedores negros a consumidores negros, mantêm o dinheiro circulando entre pessoas negras por mais tempo, além de auxiliar na geração de empregos.

Vale do Dendê

Nascida em 2017, em Salvador, com o apoio da Fundação Itaú e da Fundação Alphaville, a organização social visa divulgar os empreendimentos da periferia, com programas de aceleração.

Gastronomia, tecnologia e economia criativa estão entre as áreas atendidas pelo Vale do Dendê. Ainda oferece treinamento, cursos e formações para que os afroempreendedores possam se desenvolver no mercado.

Preta Hub

O projeto Preta Hub tem o objetivo de ampliar as oportunidades financeiras dos empreendedores negros, vale salientar que o projeto avança por todo o país, resultando no fortalecimento do mercado.

Representa mais uma iniciativa de aceleração do empreendedorismo negro, resultado de dezoito anos de trabalho do Instituto Feira Preta na aceleração e inovação do segmento.

FA.VELA

A aceleradora Fa.Vela nasceu, especificamente, no Morro do Papagaio, localizado no Centro-Sul de Belo Horizonte. Por isso, atua na capital mineira, em áreas menos privilegiadas, marcadas pelo estigma do preconceito e, carentes de oportunidades para os empreendedores negros.

O projeto visa fortalecer o empreendedorismo na periferia, como forma de resistência aos estigmas produzidos na sociedade brasileira.

BRAfika

A BRAfika é uma agência de Afro Turismo voltada para levar seus clientes a locais que marcaram a história da população negra, de modo a fortalecer a cultura ancestral.

O objetivo é levar conhecimento às pessoas de todas as etnias, gêneros, religiões, sobre a história dos povos africanos que fizeram parte da constituição do Brasil.

Principais afroempreendimentos no Brasil

Clube da Preta

O Clube da Preta é um clube de assinaturas mensal, em que o assinante recebe na sua casa, uma vez por mês, uma caixa contendo quatro a oito itens do universo afro. Dos mais diversificados, como livros, acessórios, roupas e outros.

É o primeiro clube de assinatura de moda afro e acessórios do país. Existem dois planos de assinatura mensal, o primeiro, no valor de 99,90 reais, contém quatro produtos feitos por empreendedores negros. Já o plano de 189,90 reais contém até oito itens.

Conta Black

A Conta Black faz parte do Movimento Black Money, caracteriza-se por ser uma conta digital que tem os empreendedores negros como público-alvo. A ideia veio do empresário Sérgio Ali, que teve o crédito negado por ser negro.

O negócio tem crescido de forma assustadora, com mais de 12 mil clientes, no ano de 2021, mas este número ainda deve aumentar muito, pois o portfólio de serviços oferecidos só tem a crescer.

Instituto Beleza Natural

Zica de Assis fundou em 1993 o Instituto Beleza Natural, no Rio de Janeiro, primeiro salão de beleza especializado em cabelos crespos e cacheados do Brasil. Com isso, a empresária atingiu as mulheres negras que não encontravam produtos adequados ao seu tipo de cabelo.

O Instituto Beleza Natural se tornou uma franquia que possui mais de 25 unidades espalhadas pelos estados do Brasil, inclusive, com planos de expansão para outros países.

Kilombu

É um aplicativo para celular desenvolvido para comercializar produtos e serviços da comunidade negra. Criado por três estudantes negros da Fundação Getúlio Vargas, para popularizar e divulgar empreendedores negros.

O afroempreendedorismo ainda tem muita história para contar, mas incentivá-lo é nosso papel como cidadãos conscientes. Esperamos que o artigo tenha alertado você sobre essa importância.

Agora que você está por dentro do assunto, visite o nosso site e fique por dentro de todos os assuntos relacionados ao mundo do empreendedorismo.

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