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Guia Básico do Cooperativismo

Cooperativismo é um modelo organizacional onde os colaboradores são donos do próprio negócio, unindo o desenvolvimento econômico com o social. Este modelo prioriza as necessidades em grupo acima do lucro, havendo mais harmonia no trabalho.
cooperativismo

Você já ouviu falar em cooperativismo? Podendo ser uma oportunidade para empreender, o cooperativismo é um movimento socioeconômico baseado na cooperação de associados nas atividades econômicas.

As cooperativas são empreendimentos com o objetivo de satisfazer as necessidades econômicas dos envolvidos, garantindo vantagens que só conseguiriam trabalhando juntos.

Ou seja, cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para atender às suas necessidades e aspirações econômicas, sociais ou culturais por meio de uma propriedade conjunta de uma empresa democraticamente constituída e controlada e que combinaram seus recursos para obter benefícios maiores ou diferentes daqueles que poderiam ser realizados por um negócio individual.

Por meio do engajamento coletivo, as cooperativas estão em condições de atender necessidades não atendidas pelo mercado.

Veja sobre o que trataremos neste post:

A história do cooperativismo no Brasil

Em 1887 surgiu a primeira cooperativa brasileira, chamada de Cooperativa de Consumo dos Empregados de Companhia Paulista, localizada em Campinas (SP).

O movimento cooperativista começou a se fortalecer anos depois, em 1889 após a criação da Sociedade Econômica Cooperativa dos Funcionários Públicos de Minas Gerais, em Ouro Preto (MG), possuindo foco no consumo de produtos agrícolas.

Após isso, surgiram diversas cooperativas nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Em 1902 a primeira cooperativa de crédito foi criada em Nova Petrópolis (RS). Chamada de Caixa de Economias e Empréstimos pelo padre suíço Theodor Amstad, hoje conhecida como Sicredi Pioneira, visando melhorar a qualidade de vida dos moradores do local.

A partir de 1906, diversos produtores rurais e imigrantes alemães e italianos iniciaram o surgimento de cooperativas agropecuárias, trazendo consigo as experiências de atividades comunitárias, o que os motivou a atuarem no Brasil em cooperativas.

Após a propagação do modelo cooperativista, as cooperativas se expandiam em um modelo autônomo, suprindo as necessidades de seus membros.

Em 1969, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) foi criada, registrada em cartório no ano seguinte. A OCB era então a única representante formal de todas as cooperativas do país.

Em 1971 surgiu a Lei do Cooperativismo, que limitou a criação de cooperativas pelo país, porém na Constituição de 1988 o Artigo 174 resolveu este problema, onde as cooperativas ganham o poder de possuírem autogestão.

O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo foi criado dez anos após esta Constituição, com o objetivo de promover o desenvolvimento do cooperativismo através da formação profissional.

Princípios do cooperativismo

Antes de iniciarmos este tópico, gostaríamos de ressaltar as diferenças entre cooperativa e associação.

As associações buscam promover assistência social, educacional, cultural e defender interesses de classe. Já as cooperativas possuem o objetivo de viabilizar um negócio que seja benéfico e produtivo para os seus membros.

O cooperativismo possui 7 princípios norteadores que são reforçados desde o início de sua implementação, sendo eles:

Adesão livre e voluntária

Todos são bem-vindos em uma cooperativa. Qualquer pessoa que queira ingressar é permitida independente de gênero, etnia, classe social e ideologia política ou religiosa.

O único fator requerido é estar de acordo a assumir responsabilidades e possuir os mesmos princípios econômicos regidos no cooperativismo.

Gestão democrática

Todos os membros das cooperativas possuem controle sobre ela, fazendo-se necessária a participação de todos os integrantes nas tomadas de decisão e criação de políticas. Para organizar este modelo é escolhido democraticamente um representante que vai responder pela cooperativa.

Participação econômica

Além de participarem nas decisões importantes e cruciais das cooperativas, os seus membros devem também contribuir economicamente com o capital da organização. A quantia acumulada é então investida em equipamentos, atividades e outros gastos internos.

Autonomia e independência

As cooperativas são organizações autônomas controladas pelos seus membros e com representantes votados democraticamente e nada deve mudar isto. Mesmo que se firmem acordos com outras organizações o controle democrático permanece com os membros.

Educação, formação e informação

O cooperativismo possui como uma de suas funções a atuação nas comunidades em que elas estão. Com o intuito de desenvolver melhor as comunidades, as cooperativas atuam de forma educativa, oferecendo palestras, workshops e cursos, procurando capacitar os seus membros.

Desta forma, com membros devidamente instruídos a qualificação da organização aumenta, resultando em uma maior capacidade produtiva, trazendo um maior retorno financeiro e conquistando espaço no mercado.

Intercooperação

Seguindo o conceito das cooperativas, elas podem ser expandidas para cooperativas de abrangência regional, nacional e até mesmo internacional, agindo em conjunto e visando o bem de todos os membros em igualdade, independentemente do local.

Interesse pela comunidade

As políticas firmadas pelos membros do cooperativismo visam beneficiar a comunidade que os rodeia e sanar seus problemas, visando manter os valores e princípios socioeconômicos que estiveram sempre presentes nas cooperativas desde o início.

O cooperativismo apresenta símbolos representativos, procurando transmitir os seus valores através deles. O seu símbolo se trata de um círculo verde, com dois pinheiros verdes ao centro e o fundo amarelo.

O pinheiro representa vitalidade, fecundidade e perseverança. Com os dois pinheiros reforçam-se a ideia de cooperação e o círculo representa a eternidade. A cor verde-escuro do símbolo remete à vida, já a cor amarela, remete a crescimento e riqueza.

Vantagens e desvantagens

Em relação a outras formas de associação, as cooperativas apresentam diversos desafios em seu caminho, possuindo suas vantagens e desvantagens. Vamos conhecê-las:

Vantagens

Possibilidade de ingressão para qualquer pessoa que quiser se voluntariar, possuindo uma pequena taxa de entrada e tendo total liberdade para encerrar as atividades na cooperativa futuramente.

Comparadas às empresas, as cooperativas possuem maior facilidade para serem criadas, necessitando apenas dos cumprimentos de exigências legais e da quantidade mínima inicial de dez membros.

A democracia é aplicada fielmente nas cooperativas, onde todos os integrantes possuem o mesmo peso e reconhecimento, diferente das empresas convencionais que utilizam cargos e hierarquias. Até mesmo os valores excedentes são distribuídos.

Os membros atuam da forma a beneficiar todos igualitariamente, onde todos medem esforços para o bem-estar coletivo.

Desvantagens

Os recursos financeiros possuem certa limitação, fazendo com que algumas cooperativas possam ficar estagnadas em seu crescimento, não permitindo que seus membros expandam as atividades até certo limite.

Devido ao primeiro ponto, muitas vezes é necessário o apoio de financiamento pelo governo, onde o auxílio pode variar e ser incerto.

O comitê gestor, eleito por todos de forma democrática, é o responsável pela administração das cooperativas, porém eles podem não possuir qualificação e experiência, fazendo com que a administração não seja muito efetiva.

Apesar de o conceito base do cooperativismo ser a harmonia e igualdade entre os membros, podem ocorrer divergências de opiniões em razão de políticas internas, causando diversos conflitos.

Ramos de atuação e tipos de cooperativismo

O cooperativismo apresenta diferentes segmentos conforme as necessidades de seus membros e local onde eles estão posicionados. Conheça os ramos:

  • Saúde: associações formadas por médicos e outros profissionais da área da saúde, podendo constituir membros não atuantes na área para a formação de negócios como plano de saúde.
  • Produção de bens e de serviços: possuindo membros que prestam serviços especializados que podem abranger diversos tipos, visando aumentar a remuneração e condições de trabalho.
  • Agropecuário: com produtores rurais, pescadores e membros que contemplem esta área de atuação. Desta forma, os integrantes se apoiam com o objetivo de melhorar a comercialização e armazenamento da produção, oferecendo suporte para seus membros.
  • Crédito: prestadores de serviços financeiros como os financiamentos e empréstimos, visando facilitar a entrada de seus integrantes no mercado.
  • Transporte: envolvendo transportadores de carga e membros que atuam em transportes coletivos, onde os membros precisam ser os proprietários dos veículos em que realizam suas atividades.
  • Consumo: cooperativas com o intuito de viabilizar a compra de produtos ou serviços, fazendo com que seus membros consigam preços competitivos e garantam uma sustentabilidade financeira.
  • Infraestrutura: este ramo fornece literalmente a infraestrutura para o crescimento de seus membros, a partir do fornecimento de energia elétrica, imóveis e outros serviços.

Além dos ramos de atuação, o cooperativismo apresenta três categorias, onde a classificação da cooperativa dependerá da dimensão e objetivos. São eles:

  • Cooperativa singular: é a cooperativa base, com o foco principal em prestar serviços diretamente para seus membros, possuindo uma quantidade de, pelo menos, 20 membros atuando e não se permitem pessoas jurídicas. Em casos em que são permitidos, eles não atuam no mesmo segmento econômico.
  • Cooperativa central ou federação: estas cooperativas são constituídas de outras cooperativas singulares, possuindo o objetivo de organizar os serviços de todas as organizações envolvidas.
  • Confederação de cooperativas: parecida com a anterior, porém ela é uma cooperativa formada de cooperativas centrais ou federações, organizando os seus serviços.

Benefícios do cooperativismo para uma empresa

Apesar de o modelo cooperativista ser completamente o oposto do modelo capitalista das empresas, que possui competitividade para atingir melhores resultados, a adoção de algumas práticas cooperativistas pode ser extremamente benéficas.

Ao adotar posturas do cooperativismo, isso pode ajudar no desenvolvimento de uma estrutura interna mais eficiente e impulsionar o desenvolvimento das empresas.

A valorização e motivação dos colaboradores da empresa também podem aumentar ao adotar as práticas democráticas das cooperativas, de forma a todos se esforçarem, visando o crescimento mútuo e melhores resultados.

Realizar esta mudança na cultura na empresa proporciona o bem-estar dos colaboradores e a atração de talentos, melhorando o funcionamento empresarial em âmbito geral.

A OCB pode lhe ajudar a se inteirar no mundo das cooperativas com cursos e programas de capacitação para você poder se desenvolver neste modelo.

Oferecendo consultoria e assessoria para cooperativas, temos a ACBrasil que oferece soluções para a melhor capacitação.

O Sebrae disponibiliza materiais didáticos e suporte para cooperativas, entenda mais e aumente seu conhecimento sobre a criação de cooperativas.

O QUE NÓS PROPOMOS PARA VOCÊ:

Você viu que o cooperativismo está ligado ao verbo cooperar. Assim, toda e qualquer associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida, são chamadas de cooperativas.

Veja a seguir o que preparamos para você se aprofundar ainda mais no assunto para tomar melhores decisões sobre o assunto cooperação.

01 – Página da I Propose sobre o assunto Cooperação. Nesta página, você conhecerá sobre outras iniciativas, tais como: acordos de cooperação, associativismo, arranjos produtivos locais, centrais de negócios, consórcios, OSCIP, redes de empresas e muito mais.

02 – Cartilha do Sebrae “Cooperativas”. Na cartilha você vai aprender mais sobre cooperativismo, vantagens, principais ramos, como funciona uma cooperativa, embasamento legal e muito mais. Assim, a cartilha apresenta o conhecimento essencial sobre o funcionamento do cooperativismo e como colocá-lo em prática.

03 – Curso do Sebrae online e gratuito para empreendedores rurais “Associativismo e cooperativismo: a união faz a força”. O curso é ofertado pelo WhastApp ou Telegram. Nesse curso de 2 horas, você vai aprender a importância do associativismo e cooperativismo para o seu empreendimento rural, desde a importância do trabalho em conjunto na agricultura familiar até a geração de novas possibilidades de atuação no mercado. O curso possui os seguintes módulos:

  • O que é uma cooperativa?
  • Os sete princípios do cooperativismo.
  • Ramos do cooperativismo.
  • Legislação para as cooperativas.
  • Direitos e deveres dos cooperados.
  • Como funciona uma cooperativa.
  • Livros obrigatórios, tributação, admissão de cooperados e fundos.
  • Projeto de viabilidade e econômica da cooperativa.
  • Roteiro de projeto para criar uma cooperativa.
  • Passo a passo para registro de uma cooperativa.

04 – Cartilha do Sebrae “Cooperativas Financeiras”. Na cartilha, você vai conhecer as cooperativas financeiras e suas diferenças em relação às outras instituições financeiras.

05 – Conheça o Canal do Sistema Ocesp e saiba tudo sobre o cooperativismo de forma rápida e didática. Você pode acessar diversos vídeos muito bons para aprender e se aprofundar ainda mais no assunto.

06 – Vídeo do Canal do Banco Central do Brasil sobre “O que é Cooperativa de Crédito?”. No vídeo, você vai saber mais sobre as cooperativas de crédito, suas semelhanças e diferenças em relação a outras instituições financeiras.

07 – Vídeo do Canal do Sistema OCB sobre “Como funciona o Cooperativismo?” No vídeo, você vai aprender sobre o funcionamento de uma cooperativa.

08 – Conheça o Canal do Sicoob Oficial e saiba tudo sobre o cooperativismo financeiro no país.

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